Abordagem
Conceptual
As
dependências são um fenômeno multifatorial e multidimensional, isto é, são
vários os fatores envolvidos que podem levar ao consumo de substâncias que
conduzem à dependência. São considerados essencialmente 3 grupos de fatores que
podem conduzir à dependência:
Consumo
de substâncias com determinadas propriedades farmacológicas;
Características
pessoais dos indivíduos que consomem essas substâncias;
A
natureza do contexto sociocultural em que tais consumos se produzem;
Definição
de droga da OMS
Segundo
a Organização Mundial de Saúde (OMS), droga é toda a substância que introduzida
no organismo vivo modifica uma ou mais das suas funções. Esta definição engloba
substâncias ditas lícitas - bebidas alcoólicas, tabaco e certos medicamentos –
e, igualmente, as substâncias ilícitas como a cocaína, LDS, ecstasy, opiáceos,
entre outras.
Definição de dependência
OMS define o conceito de dependência como sendo um estado
psíquico e por vezes físico, caracterizado por comportamentos e respostas que
incluem sempre a compulsão e necessidade de tomar a droga, de forma contínua ou periódica, de modo a experimentar efeitos físicos ou para evitar o
desconforto da sua ausência, podendo a tolerância estar ou não presente.
Tipos de droga
Existem 3 tipos de drogas de acordo com os efeitos que
produzem no Sistema Nervoso Central
1) Drogas depressoras – ex. heroína
2) Drogas estimulantes – ex. cocaína
3) Drogas alucinógenas – ex. LSD
AS DROGAS E SEUS EFEITOS*
* Recomendamos a
leitura de outras publicações complementares (ver sites interessantes e
Bibliografia) acerca dos efeitos produzidos pelas drogas aqui referidas.
Álcool
O
álcool resulta da fermentação de certos alimentos vegetais que consumimos na
nossa alimentação (cevada, frutas, entre outras) e o seu consumo é,
provavelmente, tão antigo como a humanidade. O seu processo de fabricação sofreu
profundas alterações com os avanços tecnológicos.
Efeitos
Após
a ingestão, o álcool passa a circular pela
corrente
sanguínea atingindo os vários órgãos.
Um
dos efeitos imediatos do álcool é o bloqueio
do
funcionamento da área do SNC, responsável
pelo
controlo das inibições. Sendo esta droga um
depressor,
após o seu efeito desinibidor, segue-se
um
estado de sonolência, turvação da visão,
descoordenação
muscular, diminuição da
capacidade
de reação, atenção e compreensão.
Quando
tomado em excesso provoca acidez no
estômago, vômitos, diarreia, decréscimo da
temperatura
corporal, desidratação, dor de cabeça,
perda
de equilíbrio, provocando nalguns casos
coma
etílico ou até mesmo morte. O consumo
crônico de álcool afeta diversos órgãos, como o
cérebro,
o coração, o estômago, o fígado, o
pâncreas
e os intestinos. Tem consequências
sociais
graves como a desintegração familiar,
absentismo
laboral, perturbação da ordem pública,
acidentes
rodoviários, comportamentos violentos
e criminosos e irresponsabilidade social.
Tabaco
O tabaco é uma planta do gênero nicotínico de que existem
mais de cinquenta espécies diferentes. Oriundo do continente americano, onde era
apreciado pelos seus efeitos alucinógenos, espalha-se pela Europa a partir da
época dos Descobrimentos. As formas de consumo são diversas – cigarro, charuto,
cachimbo, rapé e tabaco de mascar. Ao queimar o tabaco produzem-se substâncias
(cancerígenas) que depois são inaladas passando pelos pulmões, e pelo sangue e
que afetam também outros órgãos. A nicotina é a principal substância
responsável pelos efeitos produzidos pelo tabaco, sendo ainda a responsável direta
pela dependência física.
Efeitos
O consumo do tabaco a longo prazo provoca
inflamação dos brônquios, degenerando em
bronquite crônica e mais tarde em enfisema,
menor resistência física, cancro do pulmão, do
estômago e da boca, doenças cardiovasculares,
úlceras digestivas e risco de aborto espontâneo.
Diminui o aumento de peso e de
apetite.
Anfetaminas
Também
conhecidas pelo nome de speeds, cristal ou anfes, as anfetaminas são produzidas
a partir da Éfedra, uma planta que cresce nas regiões desérticas no mundo
inteiro. Foi descoberta em 1926 e utilizada durante vários anos em diversos fármacos,
sendo retirada do mercado e até proibida a sua utilização nos anos 70. No
início dos anos 80, aumentou a produção ilegal de anfetaminas.
Efeitos
A
absorção das anfetaminas pelo organismo e o
sistema
nervoso central é bastante rápida, tendo
uma
duração de efeitos entre 6 a 12 horas. À
semelhança
de outras drogas, as anfetaminas
provocam
numa primeira fase euforia, insônia,
autoconfiança,
agitação, autossatisfação e um
aumento
considerável da capacidade de
concentração
e de atenção, razão pela qual têm
bastante
sucesso junto dos meios estudantis. Em
alguns
casos, verifica-se ainda hiperatividade,
agressividade
e falta de apetite.
Outras
consequências físicas mais comuns são
taquicardia,
transpiração, desidratação, náuseas,
vertigens,
dor de cabeça, fadiga, aumento da
tensão
arterial e tiques exagerados e anormais da
mandíbula. Quando tomadas em
excesso
- sobre dosagem - para além dos efeitos anteriores,
provocam ainda irritabilidade, alucinações,
problemas respiratórios, impotência, convulsões
e podem levar à morte. O consumo
contínuo
provoca, a longo prazo, graves
depressões,
dependência psicológica, tremores, delírios
e alucinações que se confundem com o comportamento esquizofrênico e a apatia.
Comprimidos
sedativos, hipnóticos,...
Nos
meios científicos são mais conhecidos pelo nome barbitúricos, apresentando-se
sob a forma de comprimidos de vários tamanhos e cores, que resultam da
sintetização do ácido barbitúrico.
Efeitos
Quando
administrados em pequenas doses,
provocam
sensações de tranquilidade, sendo no
entanto
depressores do SNC de fácil dependência.
Em
quantidades mais elevadas provocam
diminuição
e debilidade do ritmo cardíaco,
dilatação
das pupilas, dificuldades respiratórias,
podendo
levar o consumidor ao estado de coma,
ou
até mesmo, à morte. A longo prazo, o seu
consumo
continuado provoca anemia, hepatite,
depressão,
descoordenação motora e dificuldade
de
expressão verbal. A supressão ou redução
destes
psicofármacos nos casos de dependência,
acarreta
convulsões, alucinações, desorientação,
vertigens,
febres, palpitações cardíacas (síndroma
de
abstinência), podendo em alguns casos levar
à morte.
Maconha
As canabináceas derivam da planta Cannabis Sativa, (cânhamo).
Efeitos
A
absorção das cannabináceas é muito rápida e
tem
um efeito intenso e prolongado. Logo após
o
consumo, irrompem sensações de bem-estar,
sonolência,
desequilíbrios motores, aumento da
frequência
cardíaca e arterial, congestão dos
vasos
conjuntivais, dilatação dos brônquios, fotofobia
e
tosse. Para além da euforia, verificam-se
pensamentos
fragmentados e confusos,
intensificação
da consciência sensorial, ansiedade,
alucinações
e paranoia. Em longo prazo, o consumo
continuado
provoca bronquite, asma, facilitando
a
ocorrência do cancro do pulmão, infertilidade
e
apatia. A síndroma de abstinência também
pode
provocar ansiedade, irritabilidade,
transpiração,
tremores e dores musculares.
Heroína
A
heroína surge no final do séc. XIX com o objetivo de substituir a morfina,
devido aos efeitos nefastos produzidos por esta droga. Contrariamente ao que se
pensava inicialmente, a heroína não resolveu o problema, tendo-o ainda agravado.
Tradicionalmente injetada, é também fumada ou aspirada, devido ao aumento de
contágio de doenças como HIV e Hepatite C.
Efeitos
Trata-se
de uma droga com um elevado grau de
dependência.
Inicialmente o consumidor obtém
uma
intensa sensação de prazer, seguindo-se
uma
2ª fase em que o consumo é induzido, para
se
evitar o estado de carência ou ressaca
provocado
pela ausência da substância. Os
primeiros
sintomas são - variando de indivíduo
para
indivíduo - sonolência, euforia, depressão
da
respiração, incapacidade de tossir e comichão
na
pele. A longo prazo os consumidores sofrem
de
hipersensibilidade à dor, náuseas, dores
musculares,
inquietação, insônia, ansiedade,
transpiração,
taquicardia, febre e prisão de ventre.
Cocaína
A
cocaína deriva da folha do arbusto da coca, uma planta de origem sul americana
que foi durante muitos séculos utilizada para diversos fins. Com os avanços
tecnológicos, a cocaína aparece comercializada, ilegalmente, sob a forma de um
pó branco habitualmente consumido através de inalação, absorção pelas mucosas
ou via intravenosa. É considerada a droga com maior potencial de dependência.
Efeitos
Os
efeitos imediatos da cocaína são numerosos,
verificando-se
ausência de fadiga, de sono e de
apetite,
bem como o incremento da euforia e da
autoconfiança.
Intenso bem-estar,
comportamento
tendencialmente prepotente,
aumento
do ritmo cardíaco, tensão arterial e
desejo
sexual - embora com possível ocorrência
de
dificuldades de ereção – são outras
consequências
possíveis. Em caso de overdose,
a
cocaína pode provocar ataques cardíacos e/ou
paragens
respiratórias. O consumo prolongado
da
cocaína provoca crises de ansiedade e de
pânico,
apatia sexual e/ou impotência, bulimia,
anorexia,
diminuição da memória e da
concentração.
Ecstasy
Esta
droga foi patenteada em 1914 como medicamento cujo intuito era reduzir o
apetite, não chegando, porém a ser comercializada. Só mais tarde, a partir dos
anos 60, é que passou a circular de forma ilegal.
Efeitos
Os
primeiros sintomas são secura da boca,
diminuição
do apetite, ranger dos dentes,
taquicardia,
dilatação das pupilas, dificuldade de
caminhar,
vontade de urinar, tremores,
transpiração,
cãibras, insônia, euforia, diminuição
da
agressividade. Os efeitos secundários são
cansaço,
sonolência, dores musculares, dor de
cabeça,
secura da boca, dores nas costas e
perturbações
psicológicas. O uso exagerado de
ecstasy
provoca arritmias, podendo levar à morte
súbita
por colapso cardiovascular, acidente vascular cerebral,
hipertermia ou insuficiência renal aguda.
hipertermia ou insuficiência renal aguda.
SINAIS DE ALERTA
O
que leva uma pessoa a consumir drogas?
São
variados os fatores que levam ao consumo e geralmente estão combinados. Por
exemplo:
Curiosidade
Desejo
de viver outras experiências
Procura
do prazer / diversão
Desejo
de testar limites e transgredir regras
Pressão
dos pares
Desafio
à autoridade
Desejo
de afirmação
Informação
incorreta ou ausência de informação
Fuga dos problemas.
Fonte do texto: Manual de Prevenção do Uso
de Drogas para Mediadores. Editora Caminho.